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  • Reciclagem

A verdade oculta por trás da destinação de resíduos na Suécia

Por Eduardo Magno
20 de abril de 2021
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Adepta do modelo de recuperação energética (Waste to Energy), a Suécia vem sendo questionada sobre a escolha de incinerar seus resíduos, ao invés de criar uma cadeia de reúso e reciclagem capaz de reduzir a extração de matéria virgem.

A infraestrutura sueca permite queimar 60 toneladas por hora. Os resíduos incinerados a 900 graus celsius geram tanto eletricidade quanto água quente para a cidade. Mais que isso: o processo permite transformar lixo em dinheiro – um total de 100 milhões de dólares por ano, segundo dados divulgados em 2018.
A Suécia é conhecida pela sua eficiência quando o assunto é resíduo. Em uma busca rápida, surgem resultados como “Suécia tem 99% de resíduos reciclados” ou até “Suécia importa lixo de outros países”.  
RECUPERAÇÃO X RECICLAGEM
O governo sueco acredita tanto no ‘waste-to-energy’ que até o chama reciclagem: para eles, transformar o lixo em energia é uma forma de reciclá-lo. Mas nem todos concordam. Muitos acreditam que o modelo, pelo contrário, desencoraja a reciclagem.Os suecos baniram os aterros sanitários anos atrás. Isso significa que todos os resíduos que não acabam na estação de reciclagem vão para a incineração, mesmo os recicláveis. E se você está se perguntando o que acontece quando resíduos de plástico são queimados, a resposta é: emissões de CO2.

INVESTIMENTO OU QUEIMA DE RECURSOS?
Entre os argumentos contra a incineração está a questão das emissões tóxicas. Para que as usinas liberem menos gases tóxicos, é necessário tomar medidas que envolvem “lavar a fumaça” – ou seja: filtrar as emissões. E tudo isso não sai barato. Cada usina custa mais de meio bilhão de dólares para ser construída, e mais 35 milhões de dólares por ano para operar.

Ainda que gere dinheiro com aquecimento e eletricidade, o ‘waste-to-energy’ é um modelo caro, e levanta a questão sobre melhores formas de investir o dinheiro. O modelo da Suécia é menos eficiente em países que não usam aquecimento ou resfriamento na maioria das residências, por exemplo. Enquanto isso, modelos como o da Lituânia e Eslovênia não tem incineradores, mas reciclam 65% de seus dejetos: bem mais que os 47% enviados para reciclagem na Suécia e mais que duas vezes o número de Copenhague, com muito menos investimento.
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